Enviado por folhagospel em 20/11/2013 12:21:15 (
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A
Bola de Neve Church está tentando impedir na Justiça a publicação de um
livro baseado num trabalho acadêmico que analisa a direção da
denominação e as ações de “marketing” usadas para posicionar a igreja
junto aos fiéis.
O livro em questão é "A Grande Onda Vai te Pegar
– Marketing, Espetáculo e Ciberespaço na Bola de Neve Church", escrito
pelo mestre em história Eduardo Meinberg Maranhão Filho, 40 anos, e
editado pela Fonte Editorial.
A publicação faz uma análise sobre
supostas estratégias de mercado adotadas pelo apóstolo Rina – formado em
marketing e pó-graduado em administração – na condução da Bola de Neve.
Entre os subcapítulos do livro, existem alguns que falam sobre
“Marketing ‘de Jesus’ e teologia da prosperidade”; “Conhecendo/acessando
a lojinha/shopping/Planet Bola”; “É dando à igreja que se recebe de
Deus: preparando davis para as finanças”; e “Nós somos a dobradiça da
porta: as mulheres do Bola como costela”.
De acordo com
informações da blogueira e jornalista Anna Virginia Balloussier,
colunista do site da Folha de S. Paulo, a Bola de Neve entrou com uma
ação liminar na 2ª Câmara de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça
de São Paulo pedindo que o lançamento do livro fosse proibido.
O
juiz Alexandre Marcondes negou a liminar aos advogados da Bola de Neve
alegando que “o interesse público [na obra] é inegável”, e citou o
artigo 20 do Código Civil (que veta biografias não autorizadas) dizendo
que a proibição de publicações como essa “apenas será tolerada quando
seja possível afastar, de imediato, a presunção constitucional de
interesse público”.
Segundo a advogada Taís Amorim, uma das
representantes da Bola de Neve, o motivo da ação contra a publicação do
livro não seria o conteúdo, mas sim o uso do nome da igreja sem
consentimento da direção: “O autor utiliza, sem qualquer autorização, o
nome da igreja na capa do livro, induzindo a erro especialmente os
milhares de membros da entidade, que poderiam confundir a publicação
como sendo da própria igreja”, declarou Taís à jornalista Balloussier.
Taís
Amorim ainda descarta a ideia de que o livro seja uma publicação com
análises acadêmicas e diz que “foi possível deduzir que o juízo de valor
promovido pelo autor não condizia à realidade da entidade”, e pontua
que observar a igreja como uma “agência mercadológica é uma inverdade e,
portanto, uma ofensa à entidade, que tem como único alvo e fomentador
de seus trabalhos o Senhor Jesus Cristo”.
O autor do livro
discorda: “Em minha dissertação, termos como agência religiosa,
marketing, espetáculo e midiatização são entendidos de forma diferente
do senso comum, que trata e tende a ver os mesmos do lado oposto da
dimensão do sagrado. Tais termos não têm sentido negativo nem positivo,
na minha opinião são categorias de análises – rasuráveis, como
proponho”, afirmou Eduardo à Folha.
A blogueira Vera Siqueira
também publicou artigo sobre o imbróglio e afirmou ter procurado o livro
para aquisição, sem sucesso: “Ora, o que um livro acadêmico pode trazer
de tão ruim para a Igreja Bola de Neve e seu apóstolo (?) Rina, para
que tenham que acionar seus advogados contra a publicação? Será que têm
algo a esconder?”, questionou.
Sobre liberdade de expressão, Vera
Siqueira discorreu sobre o tema de uma perspectiva mais ampla, e citou
bandeiras hasteadas por líderes evangélicos nacionais, inclusive o
apóstolo Rina: “É muito bonito ouvir essa expressão nas Marchas para
Jesus, quando os líderes gospel e os políticos em cima do palco
principal a bradam e fazem a plateia repetir, em referência à liberdade
que querem para denunciar o homossexualismo. Porém, a tal ‘liberdade de
expressão’ só vale quando é favorável ao líder gospel. Esse negócio de
‘liberdade de expressão’ para homossexuais, críticos e autores de livros
acadêmicos tem que ser reprimida a qualquer custo”, criticou.
Em
sua conclusão, Siqueira incentiva o contraditório como fonte de
conhecimento e sabedoria: “Recomendo a compra e a leitura, pois é um
assunto muito pertinente nesses dias em que vemos muitas das profecias
bíblicas se cumprindo. ‘Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas
injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de
Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.’ – 2 Coríntios
12:10”.