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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Você sabe como funciona a injeção letal?


 Você sabe como funciona a injeção letal?
Você sabe como funciona o processo de execução pela injeção letal e quais são as substâncias utilizadas para que a morte de um condenado aconteça? Logo abaixo você poderá conferir essas informações e mais alguns detalhes sobre esse procedimento que muitos apoiam, mas que também gera muita polêmica entre grupos de defesa dos direitos humanos.
A injeção letal é um processo utilizado em 32 dos 50 estados norte-americanos que permitem a pena de morte, sendo que ela compreende o uso de um coquetel de medicamentos que mata lenta e silenciosamente o criminoso.
A ideia é que não haja dor e nem consciência do condenado quando os pulmões sejam paralisados e o coração comece a parar. Algumas falhas já aconteceram nesse processo, mas vamos tratar disso mais pra frente nesse artigo.

Estatísticas da morte

Fonte da imagem: Reprodução/Gizmodo
Apesar de ter havido uma redução do número de países que mantêm a pena de morte, os Estados Unidos ainda continuam firmes com esse tipo de punição de criminosos. De acordo com os registros mais recentes disponíveis do Departamento de Justiça do país, uma média de 3.175 presos em 32 estados e em todo o sistema penitenciário federal está no corredor da morte.
Desde 1977, quando a pena de morte foi restabelecida a nível federal, mais de 1,2 mil presos foram executados, com 43 mortos apenas em 2012.  Apenas a China (2 mil), Irã (314), Iraque (189) e Arábia Saudita (90) executaram mais pessoas no ano passado do que os Estados Unidos.

Como foi o início do uso da injeção letal

Fonte da imagem: Reprodução/Gizmodo
Seja a morte por eletrocussão, enforcamento, fuzilamento, câmara de gás ou decapitação, a pena de morte sempre foi um trabalho sujo e brutal. Por essa razão, a injeção letal ganhou relevância ao se tornar o método quase exclusivo de execução nos Estados Unidos, devido à sua reputação de ser um processo menos doloroso e mais “humano” do que outros métodos.
O conceito foi originalmente proposto em 1888 pelo médico de Nova York, Julius Mount Bleyer. Porém, a sua ideia nunca chegou a ser concretizada até 1977, quando o legista do estado de Oklahoma — chamado Jay Chapman — criou o coquetel atual de três drogas, conhecido como Protocolo de Chapman.
Esse método injeta um barbitúrico (sedativo) de ação ultrarrápida em combinação com duas substâncias paralisantes, que suprimem as funções respiratórias e cardíacas. O protocolo foi rapidamente adotado pelo estado de Oklahoma e, logo em seguida, pelo Texas.
Em 2004, 38 dos 39 estados americanos que mantinham a pena de morte já utilizavam o Protocolo de Chapman. A prática também se espalhou para outros países, tornando-se o método mais utilizado na China, na Tailândia, na Guatemala e no Taiwan.

Como funciona o procedimento

Algumas semanas antes do “dia da morte”, o preso é entrevistado por um número de funcionários da prisão, incluindo psiquiatras, algum sacerdote ou pastor e assistentes sociais. Nos dias que antecedem a execução agendada, o preso tem o direito de visitas prioritárias para a família, conselheiros espirituais e representação legal.
No dia e na hora da execução, ele recebe roupas novas, é ligado a um monitor cardíaco e se alimenta com a sua última refeição, seguindo então para a câmara de execução para ser colocado e amarrado a uma maca.
Já no seu leito, o preso tem tubos intravenosos inseridos em duas veias utilizáveis ​​(uma adicional como segurança) e a administração de uma solução salina por gotejamento lento é iniciada. Logo após o detento ser autorizado a dizer as suas últimas palavras para as testemunhas sentadas junto à câmara de execução, o guarda responsável recebe a ordem de execução e o processo começa.

Coquetel mortal

O Protocolo de Chapman conta com um trio de drogas poderosas, sendo que cada uma é individualmente letal em sua dose separada e mais ainda quando são utilizadas juntas.
O processo começa com a administração de cinco gramas (14 vezes a dose recomendada de 0,35 g) de tiopentato de sódio. Este barbitúrico de ação rápida é normalmente usado como anestésico para induzir comas e faz com que o condenado fique inconsciente em dez segundos, em média.
Em seguida, 100 mg de brometo de pancurônio são injetados. Esta droga é um relaxante muscular não despolarizante que bloqueia a ação de um receptor muscular específico que, por sua vez, impede a contração das fibras. Esse efeito paralisa o diafragma e os pulmões, cessando a respiração do condenado.
Feito isso, o preso ainda recebe uma injeção de 100 mEq (miliequivalente) de cloreto de potássio. O potássio é um eletrólito utilizado pelos nossos corpos para ajudar a transmitir sinais elétricos entre nossos neurônios e músculos. Com essa quantidade, a substância provoca um desequilíbrio, induzindo à parada cardíaca.
Uma vez que os registros de assistolia (ausência de ritmo cardíaco) no eletrocardiograma são verificados, o médico então inspeciona o condenado e declara o horário oficial da morte.

Processo em crise

Apesar de ser um processo extremamente controlado com as suas doses e considerado o mais humano das execuções, o coquetel de três drogas pode falhar. Uma série de estudos sugere que, caso em algum procedimento a anestesia tenha sido administrada de forma inadequada, os presos poderiam estar conscientes, sofrendo com o coração e os pulmões parando de funcionar.
Além disso, a mistura de três fármacos também pode ser difícil de administrar, principalmente se o preso tem degeneração cardiovascular grave.
Outro problema pode ser a dificuldade de encontrar uma veia íntegra e de fácil acesso no preso, o que aconteceu em Ohio com Rommel Broom, em 2009, que sobreviveu à execução graças à falta de um acesso para injetar as substâncias. Você pode conferir mais sobre esse caso fracassado de injeção letal neste outro link.
Rommel Broom sobreviveu à execução Fonte da imagem: Reprodução/Cleveland Film
Com essa ocorrência, o sistema penal do estado de Ohio deixou de lado o uso do brometo de pancurônio e do cloreto de potássio completamente e começou simplesmente a administrar apenas os cinco gramas de tiopentato de sódio, ainda assim sendo o suficiente para matar. Outros estados também passaram a fazer esse processo.

Falta do medicamento

Os Estados Unidos também estão enfrentando outro problema que pode causar mais atrasos ou bloqueio de execuções: a única empresa que fornece o tiopentato de sódio mudou a sua sede para a Itália. E, sob a lei italiana, a empresa foi impedida de exportar o produto químico para os EUA, a menos que a companhia pudesse provar que a substância não seria usada em injeções letais, e assim o fornecimento de tiopentato sódico na América está diminuindo.
Os estados que continuam a usar este método (completo com as três substâncias do coquetel de Chapman) têm começado a utilizar o pentobarbital como uma alternativa. Este é um produto sintético de ação sedativa e anestésica, usado por veterinários para sacrificar animais doentes.
Ironicamente, até mesmo o próprio Dr. Chapman é a favor da interrupção do uso de seu protocolo. Como ele disse à CNN em 2007: "A coisa mais simples que eu conheço é a guilhotina e não tenho nada contra em trazê-la de volta. A cabeça da pessoa é cortada e isso é o fim de tudo". E você, concorda com ele e com a injeção letal ou é contra a pena de morte? Dê a sua opinião.