Pesquisa afirma que os humanos estão ficando “burros” com o passar do tempo
Um estudo publicado no Trends in Genetics
sugeriu algo que compromete o futuro dos próprios estudos: os humanos
estão perdendo, lenta e certamente, suas capacidades intelectuais e
emocionais.
Ainda, de acordo com Gerald Crabtree, da Universidade de Stanford, o
pico de inteligência da nossa espécie se deu há dois mil anos, e desde
então estamos decaindo, graças a mutações genéticas. O argumento de
Gerald é discutível, ainda que ele possa estar certo.
Primeiro, vamos analisar mais cuidadosamente o estudo:
Em 5013…
Segundo Gerald, a inteligência humana resulta de milhares de genes que
surgiram durante nossa evolução. De fato, a nossa inteligência,
geneticamente falando, chegou à sua atual configuração em algum momento
da era paleolítica, ou seja, há cerca de seis mil anos.
A inteligência, na época, era essencial para a sobrevivência, pois os
menos dotados de intelecto tinham menos chances de passar seus genes.
Mas agora, segundo Gerald, a vida é fácil e não é mais necessário ser
esperto para sobreviver e procriar. Como resultado, não estamos
reforçando a integridade genética da nossa inteligência por meio de
processos de seleção. E isso está levando os nossos cérebros a
“murcharem”, o que, segundo Gerald, nos levaria a uma suscetibilidade
muito grande a mutações que nos levariam a deficiências intelectuais.
Falando mais especificamente, Gerald calculou que entre 2000 e 5000
genes que compõem o código da nossa inteligência começarão a se
degradar consideravelmente em 3000 anos – ou daqui a cerca de 120
gerações. Nesse ponto, já haverá duas ou mais mutações que
comprometerão a nossa estabilidade intelectual ou emocional.
Pressões ‘selecionais’ ainda farão efeito
Agora, vamos ao problema do prognóstico de Gerald: ele está preso em um
quadro normativo. A análise dele não considera tendências atuais e
futuras, sejam elas sexuais, sociais ou tecnológicas.
Um exemplo é a seleção sexual, um fato importante e contínuo, porém
subestimado por Gerald, mesmo tendo um impacto quase certo na nossa
constituição genética atual. Em seu estudo, Gerald escreve que
executivos de Wall Street só precisam se preocupar com bônus
substanciais para atrair uma parceira. “Claramente vemos que seleção extrema é algo do passado”, diz ele.
Contudo, Gerald se esqueceu da importância da inteligência no processo
de atração de um(a) parceiro(a) na sociedade moderna. Um executivo de
Wall Street não estaria onde está sem um bom nível de inteligência, e a
mesma lógica se aplica a qualquer um com empregos modernos e
complexos. E sem a habilidade para sobreviver nos ambientes altamente
competitivos de hoje, é improvável que qualquer um fosse capaz de
atrair um parceiro.
O que nos leva a concluir que, infelizmente, dificilmente um homem ou
mulher se sentiria atraído por alguém que sofre de alguma deficiência
cognitiva, o que indicaria a presença de pressões seletivas a favor da
inteligência.
Sociedade e biotecnologia
Tudo isso é discutível, e há diversos fatores externos que afetam a
discussão. O primeiro deles é a socialização e a educação, que se
relacionam com a inteligência humana. Segundo as anotações de Gerald: “Incrivelmente,
parece que apesar de nossos genomas serem frágeis, nossa sociedade é
robusta quase inteiramente graças à virtude da educação, que permite
que forças sejam rapidamente distribuídas a todos os membros”. De fato, o Efeito Flynn já indicava que um ambiente sólido impactaria a inteligência.
O outro fator é a ação recíproca entre nossa mente e nossas
tecnologias. A internet hoje já é praticamente o nosso segundo cérebro,
no qual nós colocamos nossas capacidades. Fica cada vez mais difícil
dizer onde termina nossa mente e começam nossas tecnologias.
Por último, as potenciais intervenções tecnológicas – que Gerald também
admitiu serem possíveis; uma possibilidade bastante real, diga-se de
passagem: já estamos na era das terapias genéticas e remédios
regenerativos, então podemos supor o quão avançadas serão as
biotecnologias em 3000 anos.
Aliás, se pensarmos mais “trans-humanamente”, nós provavelmente nem
teremos cérebros biológicos, mas sim cibernéticos. Já se fala em
sinapses sintéticas, redes neurais artificiais e dispositivos de
interfaces neurais avançados. Levando em consideração o potencial de
aprimorarmos nossas capacidades cognitivas (seja por vias genéticas ou
cibernéticas), então podemos esperar ainda mais inteligência para o
nosso futuro.
Quando o assunto é biologia evolutiva e o futuro de nossas constituições genéticas, todas as possibilidades são válidas.
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