Ex-dirigente chinês Bo Xilai é condenado à prisão perpétua
COMENTÁRIO: ALGUNS ANOS ATRÁS, UM FATO PARECIDO COMO ESTE ACONTECEU NO BRASIL, MAIS COM UM DESFECHO DIFERENTE, QUE FOI O CASO DE UM JUIZ QUE FOI CONDENADO PELA JUSTIÇA BRASILEIRA, MAIS COMO A LEI DO NOSSO PAÍS TEM SUAS BRECHAS ELE CONSEGUIU NA JUSTIÇA CUMPRIR A PENA EM DOMICÍLIO AONDE ESTAR ATÉ HOJE.MUITO DIFERENTE DESSE EX-DIRIGENTE, QUE VAI SER LEVADO PARA PENITENCIÁRIA FEDERAL CUMPRIR EM PRISÃO PERPETUA.
Durante seu processo, em agosto, foi acusado de ter embolsado mais de 2,6 milhões de euros
JINAN IPC / AFP
"O Tribunal pronuncia uma pena de prisão perpétua com privação permanente de direitos políticos", indica o texto da sentença divulgado no Sina Weibo, o Twitter chinês, pelo tribunal de Jinan, capital da província de Shandong (leste), onde o julgamento ocorreu no mês passado.
Bo Xilai foi condenado por corrupção, desvio de fundos e abuso de poder, entre outros no caso do assassinato do executivo britânico Neil Heywood, cometido por sua esposa, Gu Kailai, e que Bo teria tentado acobertar.
Este veredicto severo coloca um ponto final à carreira da autoridade política mais alta — era membro do escritório político do PCC (Partido Comunista Chinês) — a comparecer perante a justiça desde a condenação em 1998 do ex-prefeito de Pequim Chen Xitong e em 2008 do ex-chefe do partido em Xangai Chen Liangyu, ambos por corrupção.
Durante seu processo, em agosto, foi acusado de ter embolsado mais de 2,6 milhões de euros (3,5 milhões de dólares) em subornos e desviado fundos públicos no valor de mais de 600.000 euros (811 milhões de dólares).
Bo Xilai não indicou ao tribunal se apelará desta decisão, informou em uma coletiva de imprensa o porta-voz do Tribunal, Liu Yanjie.
Ambicioso e carismático, encarado durante um tempo como rival do atual presidente Xi Jinping, este ex-ministro de Comércio assumiu em 2007 a direção da imensa metrópole de Chongqing (sudoeste), que conseguiu transformar em um polo econômico de peso.
Ali se destacou com uma campanha de reabilitação dos valores maoístas mais conservadores e com uma violenta repressão sob o pretexto de lutar contra as máfias, que terminou com cerca de 5.000 prisões, muitas de empresários.
Sua queda no ano passado foi provocada pela deserção de seu braço direito, Wang Lijun, o chefe da polícia de Chongqing. Lijun pediu, em vão, asilo político no Consulado dos Estados Unidos em Chengdu, capital de Sichuan.
Entre outras coisas, Wang revelou que o empresário britânico Heywood foi assassinado pela esposa de Bo Xilai, Gu Kailai. A brilhante advogada, que teria agido por motivos financeiros e para proteger o filho do casal, foi condenada no ano passado à prisão perpétua.
Para Bo Xilai foi o fim. Popular em seu feudo de Chongqing e nos setores nostálgicos do maoísmo, este "príncipe vermelho", filho de uma figura da revolução comunista, é menos apreciado nas altas esferas do regime.
Bo Xilai fez uma última aparição na Assembleia em março de 2012 e negou ante a imprensa os rumores de queda iminente, antes de ser detido e mantido em um local secreto pela polícia interna do PCC.
O ex-líder reapareceu em agosto para responder perante os juízes em Jinan.
Bo Xilai confirmou seu forte temperamento encarando os juízes e promotores, negando a totalidade dos crimes de corrupção apresentados, tratando como "louca" ou "mentirosa" sua esposa - que depôs contra ele em um vídeo - e classificando Wang Lijun, seu ex-braço direito, de personagem vil.
"Sua atitude de desafio e sua negativa em admitir sua culpa lhe valeram uma pena maior", opina Joseph Cheng, especialista em política chinesa na Universidade de Hong Kong.
Outra surpresa foi a duração do processo, que se estendeu por cinco dias seguidos, e não pelas 24 ou 48 horas habituais. Além disso, a justiça, sob rígido controle do partido, inovou tuitando os debates, acompanhados por milhares de internautas.
Desde o início do caso, a única versão disponível dos incidentes foi a oficial.
O veredicto deste domingo encerra o escândalo, mas para a imagem da classe dirigente chinesa, muito degradada ante a opinião pública, o dano já está feito.