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sábado, 15 de dezembro de 2012

QUADRILHA VOLTA A MÍDIA NOVAMENTE!

Quadrilha de Rosemary tentou influenciar mensalão, diz revista


Carlos Humberto/13.12.2012/STF Grupo queria indicar substituto de Ayres Britto no STF, segundo a matéria
Uma reportagem da revista Época que chegou às bancas neste final de semana traz documentos obtidos com exclusividade que mostram que a ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, e o diretor da ANA (Agência Nacional de Águas), Paulo Vieira, tentaram interferir no processo de julgamento do mensalão pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Os dois estão entre os 24 denunciados pelo MPF (Ministério Público Federal) por envolvimento no esquema de elaboração de pareceres fraudulentos de órgãos públicos para beneficiar interesses privados deflagrado pela Operação Porto Seguro.
Segundo a revista, em telefonema interceptado pela PF (Polícia Federal) no dia 12 de novembro, ambos discutiam formas de impedir que os condenados cumprissem suas penas.
Vieira pediu à Rosemary o apoio do ex-ministro José Dirceu, principal réu no julgamento, para acionar seus contatos em Brasília em busca do objetivo. Os dois falam ainda sobre uma possível participação de “Deus” (segundo a PF, seria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva).
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Rosemary, que mantém relações próximas com Lula há mais de 20 anos, descartou a possibilidade.
— Ele não vai fazer absolutamente nada
O diálogo foi interceptada no dia em que o tribunal discutia a dosimetria das penas dos petistas José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares, principais integrantes do núcleo político do mensalão.
A revista informa que, de acordo com as investigações da PF, naquele momento Vieira, o deputado Valdemar Costa Neto — também condenado pelo mensalão — e o empresário e ex-senador Gilberto Miranda movimentavam-se para pressionar os ministros do STF a mudar votos, aliviar penas ou acatar futuros recursos dos réus.
Sobre uma possível articulação de Dirceu com o grupo, o diretor da ANA fala:
—Não sei se o JD [José Dirceu] está com cabeça para mexer com essas coisas.
Rosemary então tranquiliza o aliado:
—Vou viajar com ele [José Dirceu] no feriado. Nós vamos para a Bahia. Eu converso bastante com ele.
Vieira e Rosemary falam também de outras reuniões que vinham sendo articuladas por Miranda, que tinha interesses no setor portuário e oferecia a Valdemar a consultoria de Saulo Ramos, ex-ministro da Justiça de Sarney.
Se Valdemar o contratasse, diz a reportagem, Saulo conseguiria adiar a execução das penas por três anos. O ex-senador também teria interesse em auxiliar o ex-ministro José Dirceu.
Na gravação, Vieira chega a dizer que elas não podiam “falar essas coisas por telefone”, mas continua citando os nomes acima.
O grupo, segundo a PF, também queria nomear um amigo para o STF na vaga aberta pela aposentadoria do ministro Carlos Ayres Britto. Investigações mostram que os irmãos Paulo e Rubens Vieira já se preocupavam com o mensalão em 10 de junho, antes mesmo de o julgamento começar.
Na gravação obtida naquele dia, Paulo fala ao irmão “que o julgamento é político e que eles (ministros do STF) não vão sair de lá ilesos”. E acrescenta:
—Então, o negócio agora é tumultuar o processo.
Duas horas depois, o diretor da ANA ligou para Rose, que disse ter almoçado com Dirceu três dias antes e que o ex-ministro fizera uma previsão que seria condenado a quatro anos de prisão.
A matéria de Época revela que o  primeiro alvo, segundo as gravações, foi o ministro Dias Toffoli. Na noite de 27 de setembro, a PF interceptou um e-mail entre carla.margarida@bol.com.br e guatapara.sp@bol.com.br. Os dois endereços eletrônicos eram usados por Paulo para se comunicar com diferentes advogados próximos à quadrilha. A PF não conseguiu identificar a quem Paulo se dirigiu ao escrever o e-mail.
Na mensagem discutiu-se o julgamento do mensalão e o caso de Valdemar. De acordo com o texto, Valdemar, já condenado pelo crimes de lavagem e corrupção passiva, precisaria de quatro votos favoráveis na acusação de formação de quadrilha. Isso abriria espaço para recurso.
— Gostaria de conseguir o voto do ministro Toffoli, pois assim conseguimos completar, pois o Marco Aurélio irá votar a favor dele.
Toffoli seria o primeiro a votar na sessão seguinte. O e-mail se encerra com um apelo:
— É uma questão de vida ou morte, minha irmã (…) Fale que ele já ajudou muito um familiar seu, que você ama muito.
Não se sabe se o e-mail foi endereçado a uma advogada ou a Rosemary.
Toffoli votou pela absolvição de Valdemar do crime de formação de quadrilha. Fez o mesmo em relação aos demais réus do núcleo político. Valdemar, ao fim, pegou sete anos e dez meses de pena – condenação que o livra da cadeia.
Não há evidência no relatório de que o trabalho de Paulo tenha tido qualquer influência na decisão de Toffoli. Sobre o assunto, Toffoli afirmou à revista que recebeu os advogados de defesa dos réus para entrega de memoriais, incluindo o advogado Marcelo Bessa, defensor de Valdemar.
— Tal fato é da rotina do julgamento de qualquer processo.

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