Enfermos são abandonados por familiares em hospital do AM
Muitas famílias, que em algumas vezes não têm condições de prestar atendimento em casa, abandonam os pacientes após internações em unidades de saúde
De acordo com relatos de pacientes internados no hospital João
Lúcio, muitas pessoas ficam internadas nos corredores por falta de
espaço na enfermaria, onde ficam os internos ‘esquecidos’ pela família
Desde
o dia 1º de junho do ano passado, o paciente Gilson de Souza da Silva,
45, vítima de acidente vascular cerebral (AVC) permanece internado, em
situação de abandono por parte dos parentes, no hospital e
pronto-socorro João Lúcio, na Zona Leste.
Como
ele, outro paciente, José Alves da Silva, 77, que foi transferido de
Iranduba (a 25 quilômetros de Manaus) para a unidade de saúde da capital
em setembro de 2012, permanece sem acompanhante, mesmo precisando ter,
constantemente, a presença de um parente, por não responder mais a
estímulos motores.
Casos de pacientes
abandonados pela família, que em algumas vezes não têm condições de
prestar atendimento em casa ou, simplesmente, querem “se livrar de um
problema”, são comuns no sistema público de saúde. Além de sofrer com
abandono e com o descaso dos familiares, os pacientes em tratamento
permanecem sem perspectiva de alta médica e, mesmo quando estão aptos a
serem liberados, ficam hospitalizados, ocupando leitos que poderiam ser
disponibilizados a doentes graves, que continuam sofrendo nos corredores
do hospital João Lúcio.
Foi o que
aconteceu com um paciente, que preferiu se identificar apenas como
Francisco. Em novembro, ele permaneceu cinco dias internado no corredor
do hospital. “Perguntamos por que não tinha leito e uma enfermeira
deixou escapar que não tinha leito porque havia muitos pacientes
abandonados pelas famílias e, por isso, os pacientes novos não poderiam
subir para as enfermarias”, contou Francisco.
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