Vinda dos haitianos para o Brasil é tema de artigo científico realizado por delegado
A
pesquisa mostra que nos dois últimos anos em que o Brasil vem recebendo
a imigração, nenhuma ocorrência foi registrada pela polícia na qual os
haitianos fossem autores de crimes
A
chegada dos haitianos no Brasil e principalmente na região Norte,
trouxe diversas especulações sobre o grau de oportunidade para aqueles
que desejam trabalhar e conhecer o país com o sexto maior Produto
Interno Bruto (PIB) do mundo. O delegado da Polícia Civil do Amazonas e
Titular da Delegacia Especializada em Capturas e Polinter, Carlos
Alberto Andrade, elaborou um artigo científico que retrata esta
realidade e os reflexos da presença dos haitianos na sociedade
amazonense e na segurança pública do estado.
O
estudo realizado pelo delegado e por Beatriz Bessa Matos e Isaias
Alberto de Moraes, pesquisadores do Grupo de Análise de Prevenção de
Conflitos Internacionais do Rio de Janeiro (GAPCon/RJ), mostra que a
recente vinda dos haitianos para o Brasil expôs a fragilidade das
instituições nacionais para lidar com situações que envolvem a imigração
ilegal e detalha as causas da vinda destes imigrantes para o país.
“O
Brasil lidera a missão das Nações Unidas no Haiti e com isso houve, por
partes dos brasileiros que estão lá, um grande contato com os
haitianos, além de outras organizações governamentais como a Embrapa e a
Igreja Católica. O haitiano que chega ao país diz ter uma imagem
acolhedora do Brasil e afirma ter conhecimento da atual situação
econômica do país, o que motiva a escolha do Brasil como um local de
recomeço”, disse Carlos Andrade.
A
pesquisa começa a abordagem da questão pela estrutura do Estado para
receber os imigrantes que buscam melhorias de vida. A falta de emprego,
de oportunidade de renda, moradia, educação e de serviços básicos de
saúde pode contribuir para problemas sociais ainda maiores daqui a
alguns anos. O Delegado ressalta a importância do trabalho do Estado em
receber os haitianos promovendo oportunidade que valorizem a mão de obra
haitiana e evite o envolvimento dessas pessoas no submundo do crime,
mais precisamente, no do tráfico de drogas.
O
reforço no patrulhamento das fronteiras na região Norte e a atuação da
chancelaria brasileira em conjunto com os governos do Peru, Equador e da
Bolívia devem evitar que os haitianos continuem sendo explorados pelos
“coiotes". Para Andrade, o Estado não pode esquecer que os haitianos são
um grupo de risco para ingressarem no mundo da criminalidade já
que falta oportunidade de emprego devido à falta de qualificação
profissional.
“Muitos
haitianos possuem escolaridade, mas ingressam no mercado de trabalho em
profissões não legalizadas como vendedores ambulantes em semáforos da
cidade, domésticas, ajudantes de pedreiro na construção civil, entre
outras. A partir do momento em que um haitiano, como qualquer indivíduo
independentemente da sua nacionalidade, ficar sem emprego, a
oportunidade de se envolver no mundo do crime é maior, basta que estes
não tenham como serem inseridos de forma digna no mercado de trabalho”,
relatou Carlos.
A
pesquisa mostra que nos dois últimos anos em que o Brasil vem recebendo
a imigração, nenhuma ocorrência foi registrada pela polícia na qual os
haitianos fossem autores de crimes.
O
estudo terá continuação e tem por objetivo verificar a situação dos
haitianos no país, observando os pontos de empregabilidade e ocorrências
na criminalidade para traçar o perfil deste imigrante.
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