Osteoporose não está ligada somente ao envelhecimento; saiba como evitar a doença
Entre
as fraturas mais frequentes, a do fêmur é a mais grave, pois além de
causar dor intensa, demanda um procedimento cirúrgico para colocação de
prótese
Caracterizada pela degradação e
redução da estrutura óssea, a osteoporose está atrelada a uma série de
fatores e não apenas à hereditariedade, ao envelhecimento e à perda
natural das células que formam o esqueleto. O estilo de vida adotado na
adolescência e na fase adulta também tem importância fundamental, pois
pode tanto propiciar como prevenir ou retardar o aparecimento da doença,
que já atinge 10 milhões de brasileiros, segundo o Ministério da Saúde.
Isso acontece porque o pico de formação dos ossos é atingido entre a
adolescência e os 35 anos de idade, como explica o ortopedista Fernando
Moisés José Pedro, gerente-médico do Hospital Alvorada. Por esse motivo,
a constituição de uma estrutura forte nessa fase é essencial para sua
adequada manutenção no futuro. "Um aumento de 10% no índice de massa
óssea nos jovens diminui em 50% o risco de fratura por osteoporose na
vida adulta", declara.
O reumatologista Roberto Heymann, da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que para conquistar
um esqueleto "reforçado", o tabagismo e a ingestão excessiva de café e
bebidas alcoólicas devem ser evitados ou mesmo eliminados. O
sedentarismo, o consumo insuficiente de alimentos fontes de cálcio e
vitamina D e a baixa exposição solar são outros hábitos de risco.
Influências hormonais
As mulheres devem ter uma preocupação ainda maior, pois constituem as
vítimas mais numerosas da doença. "A osteoporose é mais comum no sexo
feminino por dois motivos: entre elas, os ossos são mais leves e finos.
Além disso, na menopausa ocorre uma deficiência do hormônio estrogênio,
que tem influência direta nas células ósseas", esclarece Pedro.
Heymann acrescenta que 30% das mulheres saudáveis desenvolvem o
problema ao cessarem seus ciclos menstruais. Aquelas que foram
submetidas à cirurgia de remoção de ovários e não fizeram reposição de
estrógenos e as que iniciaram tardiamente seus ciclos menstruais também
são alvos da doença, segundo o especialista.
A osteoporose
também atinge o sexo masculino, embora numa proporção menor. O
gerente-médico do Hospital Alvorada explica que, de acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), acima dos 50 anos, 30% das mulheres
são acometidas pela doença, enquanto entre os homens a proporção é de
10%.
Eles são menos suscetíveis por terem ossos mais fortes e
largos, mas a combinação da perda de elementos minerais com a baixa
produção de testosterona, a manutenção de hábitos não saudáveis e a
presença de antecedentes na família com a doença pode acelerar a
deterioração da massa óssea.
- Quem não tem intolerância à lactose pode consumir diariamente leite, queijos brancos e iogurtes, ótimas fontes de cálcio
Doenças preexistentes
Além dos fatores mencionados acima, o problema pode se manifestar como
consequência de outras doenças, como informa Heymann.
Hiperparatireoidismo, linfoma, leucemia, mieloma múltiplo, artrite
reumatoide, sarcoidose e doença de Cushing são alguns exemplos desses
casos.
Alguns medicamentos utilizados por longo prazo podem ter
o mesmo efeito. "A National Osteoporosis Foundation (instituição
norte-americana dedicada à prevenção da doença) cita entre os fatores de
risco o uso de glicocorticoides via oral, um grupo de fármacos
utilizados como imunossupressores e anti-inflamatórios", pontua Pedro.
Diagnóstico precoce
A densitometria óssea é o método mais indicado para diagnosticar a
doença, inclusive precocemente. "O exame deve ser feito por mulheres que
estão entrando na fase de menopausa, homens acima de 65 anos e
indivíduos de qualquer idade expostos aos fatores de risco", esclarece o
especialista da Unifesp.
Sua realização é fundamental, pois a
patologia é assintomática. Ou seja, não há qualquer indício que aponte
sua existência além da ocorrência das próprias fraturas, sua principal
consequência. "Elas podem ocorrer por traumas mínimos ou mesmo sem
relação a trauma algum", fala o reumatologista. Redução de altura e
aumento da curvatura dorsal (corcunda) são outros indícios importantes.
Entre as fraturas mais frequentes, Heymann menciona as das vértebras
das colunas dorsal e lombar, a do colo do fêmur e a do antebraço. "A do
fêmur é a mais grave, pois além de causar dor intensa, demanda um
procedimento cirúrgico para colocação de prótese", esclarece.
Os tratamentos baseiam-se na prescrição de medicamentos para aumentar a
resistência dos ossos sem, no entanto, recuperar a massa óssea perdida
ou curar a doença. "Independente do tratamento medicamentoso escolhido,
todos os portadores devem ter uma ingestão adequada de cálcio e vitamina
D", reforça.
Alerta constante
"Por
terem ossos mais frágeis, os pacientes com osteoporose precisam evitar
quedas a todo custo. Elas constituem a principal causa de morte
acidental entre os indivíduos com mais de 65 anos de idade", alerta o
especialista do Hospital Alvorada.
Em função disso, algumas
adaptações no ambiente doméstico são altamente recomendadas. Reforço na
iluminação e instalação de pisos antiderrapantes, barras de apoio nos
banheiros e corrimão nas escadas são algumas sugestões. "O ideal é que a
pessoa também tenha um quarto para dormir próximo ao banheiro",
acrescenta Pedro.
"Também é recomendável realizar visitas
regulares ao médico para ajuste das doses dos medicamentos,
principalmente aqueles que podem causar diminuição do nível de
consciência, como os anti-hipertensivos e hipoglicemiantes orais",
completa.
Foto 11 de 22 - "Os
iogurtes e queijos são boas opções para as pessoas que não gostam de
leite, pois são alimentos ricos em cálcio que previne a osteoporose",
afirma Leila Ali Hassan Kassab, nutricionista do HCor
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Prevenção e contenção
O cálcio é o principal elemento para prevenir e conter o desgaste da
massa óssea. A nutricionista Marisa Chiconelli Bailer, do Hospital
Samaritano, informa que a recomendação diária do nutriente é de 1.200 mg
ou 1.500 mg no caso de mulheres na menopausa.
Em termos
práticos, o valor pode ser alcançado com o consumo de um copo de 200 ml
de leite (integral ou desnatado) e duas fatias de queijo branco no café
da manhã, um pote de iogurte de 200 ml e uma porção de requeijão no
lanche da tarde e mais um copo de leite de 200 ml à noite. Quem sofre
com intolerância à lactose pode recorrer a outros alimentos fontes do
nutriente como espinafre, couve-manteiga, escarola, agrião, brócolis,
sardinha e leite de soja enriquecido.
Uma adequada ingestão de
vitamina D também é importante, pois melhora o aproveitamento do cálcio
no organismo. Ela pode ser encontrada, por exemplo, em ovos, peixes,
ostras e óleo de fígado de peixe. Contudo, sem exposição solar, a
vitamina não pode ser sintetizada. Ou seja, é preciso incluir nas
recomendações banhos de sol de pelo menos 15 minutos por dia. Em alguns
casos, os médicos podem ainda prescrever suplementos vitamínicos,
segundo a especialista.
"Diversos artigos publicados tanto no
Brasil, como em outros países, mostram que quando uma população
apresenta um consumo satisfatório de cálcio e vitamina D, a incidência
de osteoporose é menor quando comparada a grupos que apresentem ingestão
inferior", declara.
Em sua avaliação, a dieta média do
brasileiro não supre as necessidades recomendadas, o que torna
necessária uma mudança nos hábitos alimentares. Na infância e na
adolescência, as orientações devem ser seguidas com um rigor ainda
maior, pois, nesses períodos são formadas as reservas ósseas para a fase
adulta e a velhice.
A prática de exercícios é igualmente
recomendada. "A atividade física estimula a formação óssea", afirma
Pedro. Mesmo entre os idosos, o conselho se aplica, pois age na
fragilidade dos ossos e na prevenção de quedas, uma vez que "melhora o
equilíbrio e as reações de defesa e reflexo".