Enquanto
uns acreditam de verdade, e se preparam para o pior, estocando
alimentos e fazendo preparativos, outros querem mais é curtir a vida (ou
os 12 dias que restam). Apesar de a Nasa ter afirmado cientificamente
que o mundo não vai acabar, tem gente que simplesmente crê que o
apocalipse – ou algo transformador – acontecerá mesmo no dia 21 de
dezembro.
A bibliotecária Marlúcia
Santos*, 61, católica não praticante, está “cabreira”, e afirma não
confiar no que a Nasa diz. “Desde que sou muito moça conheço as teorias
maias. Eles nunca falharam em nenhuma outra previsão, por que errariam
agora?”, questionou ela, que pediu para ter o nome modificado para esta
reportagem. A entrevistada continuou: “Sem falar que a Nasa nunca foi
parâmetro para ninguém, não é? Eles escondem informações, todo mundo
sabe disso”.
Esclarecimentos
A
aposentada está se prevenindo: estoca mantimentos para o caso de
qualquer acontecimento (“Como dizia minha avó, o seguro morreu de
velho”, sentencia), mas não sente pavor do que possa acontecer. Mas não é
assim que centenas de pessoas ao redor do mundo se sentem.
Foram
tantas perguntas (e muita gente afirmando que iria cometer suicídio
nesse dia) que a Agência Espacial Norte-Americana, a Nasa, teve que
fazer uma seção em seu site somente para esclarecer os mais
desesperados. “Assim como o tempo não para quando os ‘calendários de
cozinha’ chegam ao fim, no dia 31 de dezembro, não há motivo para pensar
que com o calendário maia seria diferente – 21 de dezembro de 2012
também seria apenas o fim de um ciclo”, ressaltaram os especialistas.
Mas, ainda assim, tem gente que acredita que algo possa acontecer.
Verdade e luz
Mas,
ao contrário do alarmismo de Marlúcia, o professor de inglês Neto
Valcacer, 25, se prepara para um grande evento, mas de outra maneira.
“Eu já estou preparando para algo, há um tempo. Claro, nada muito grave,
como uma erupção de raio gama, mas venho me preparando para algo
grande”, disse. A preparação de Neto vem por meio de meditação e estudo,
nada físico como armazenar comida.
Na
opinião do professor, que não tem religião definida, a mudança vai
ocorrer sim, mas para o bem. “Acho que algo grande vai acontecer. Tem
gente que acredita que as fórmulas da luz serão despertadas no ser
humano, tem gente que acredita que o ‘planeta X’ vai colidir com a
Terra... Eu prefiro acreditar que alguma coisa vai acontecer, e vai
abrir os olhos da humanidade para um bem maior, para verdade”, apontou.
Procurar o que fazer
Do
outro lado, estão os ateus, como o analista financeiro Nelson Oliveira,
28. Depois de ter passado por um possível fim do mundo “quatro vezes,
ou mais”.
“Desde que existe
civilização, grupos religiosos e esotéricos fazem referência ao fim do
mundo. Essa data já foi alterada várias vezes, assim como a volta de
Jesus para a Terra, que também nunca se concretizou, a não ser pelo Inri
Cristo. Todas as vezes que chegam os dias previstos, aparecem
explicações e a data é adiada novamente”, declarou. “O mais ridículo de
tudo são pessoas com o mínimo de conhecimento ainda acreditarem numa
baboseira dessas”, completou Oliveira.
Para
ele, quem está com medo tem mais que procurar o que fazer. “Espero logo
que essa data passe, e que a nova seja reagendada. Quem sabe um dia não
se conscientizam do quão idiotas são”. E aconselha: “Vão viver e parem
de se preocupar com o ‘fim do mundo’. A vida não é um filme de ficção”,
finalizou.