
  Ovos são estruturas bem frágeis, embora carreguem as futuras gerações de várias  espécies de animais. 
  Quem mexe com eles na cozinha sabe bem disso. Mas nem todos os animais são como  as aves,
 que põem ovos relativamente “frágeis”. Alguns tiveram que desenvolver  
verdadeiras minifortalezas para proteger a prole de ambientes hostis ou 
até  mesmo tóxicos.
 E o dono dos ovos mais resistentes do mundo é um pequeno crustáceo chamado  Eucypris virens,
 habitante de pequenos lagos da Europa e da Ásia Central.  Quando dentro
 dos ovos, suas crias ficam protegidas de congelamento, irradiação,  
água salgada, enzimas digestivas, falta de oxigênio e até pesticidas.
 Propagação assexuada
  Este crustáceo, da família
 dos ostracodes, pode ser confundido com um molusco  por ter seu corpo 
protegido por conchas duras. Ele pode existir tanto na forma  assexuada 
quanto na sexuada, sendo esta última encontrada no sul da Europa,  
particularmente na Espanha. Curiosamente, esta espécie produz um dos 
maiores  espermatozoides no mundo animal: com 1 cm! Eles podem medir 
muito mais que o  próprio animal.
 
 Mas as espécies assexuais se espalharam muito mais, pois elas são 
rápidas no  processo. Com apenas um indivíduo, é possível colonizar uma 
área inteira em  pouco tempo, o que explica a sua rápida chegada ao 
norte após o derretimento
 das  geleiras no fim da Era do Gelo. Mas é errado pensar que eles 
existam em todos os  lugares, pois uma análise genética conduzida em 
2010 sugeriu que ao menos 40  espécies diferentes poderiam estar sendo 
confundidas como uma só, sendo só uma  reconhecida.
 Vida no lago
 Este ostracode vive em lagos que secam após algumas semanas ou meses. 
Para  garantir a sobrevivência, eles põem pilhas de “ovos de descanso” 
que sobrevivem  se forem deixados nestes lagos secos, esperando o 
retorno da água para rachar.
 Para estudar a rigidez dos ovos, Jochen Vandekerkhove, da Universidade 
de Gdańsk,  Polônia, submeteu os ovos de ambas as espécies (sexuais e 
assexuais) a  verdadeiros testes de resistência com a ajuda dos colegas.
 As etapas do “teste” incluíam congelamento a -72 ºC por três semanas, 
exposição  a radiação ultravioleta B por 10 horas, ausência de oxigênio 
por uma semana,  exposição a quatro enzimas digestivas diferentes, água 
salgada e inseticida.  Ovos controle foram guardados no escuro sem água.
 O único teste que afetou os ovos foi o de raios ultravioletas B, que 
atrasaram a  abertura dos ovos assexuados. No resto dos testes, todos 
continuaram sadios, em  ambas as espécies. Os resultados do teste 
mostram que os E. virens são um dos  animais da elite de sobreviventes a
 vários tipos de hostilidades diferentes. 
 O único animal que pode derrotá-los são os ursos d’água, (também  chamados de Tardígrados, eles foram abordados pelo JC),
 pequenos  invertebrados que já foram confirmados como capazes de 
resistir a temperaturas  pouco acima do zero absoluto, -273º C, e ao 
vácuo do espaço. Só falta enviar os  ovos do E. virens para ver se eles 
resistem no espaço sideral.








