Casa do Imigrante abusa de boa vontade de igreja e transfere imigrantes para paróquia sem autorização
O padre da Paróquia de São Geraldo, no bairro de mesmo nome, Zona Centro-Sul de Manaus, Valdecir Mayer Nolinari, denunciou ao acritica.com que o governo do Estado encaminhou peruanos que estavam na Casa do Imigrante para o templo religioso sem autorização
O padre da Paróquia de São Geraldo, no bairro de mesmo nome, Zona Centro-Sul de Manaus, Valdecir Mayer Nolinari, denunciou ao acritica.com o
que ele classifica como um abuso do Governo do Estado, que sem
autorização, encaminhou, na manhã deste sábado (12), à igreja, quatro
peruanos (dois deles crianças) recém-chegados à capital, transferindo a
obrigação de acolhê-los a ele.
“Só
esta semana recebemos 50 haitianos e não recebemos nenhuma ajuda do
Estado para encaminhá-los. Eles (representantes da Casa do Imigrante) me
ligaram pedindo ajuda e eu disse que era impossível, devido à grande
quantidade de haitianos que chegou essa manhã (dez no total). E, ainda
assim, os trouxeram para cá”, disse o religioso, indignado.
A
Paróquia de São Geraldo passou a ser conhecida pela população de Manaus
em 2011, quando começou a receber imigrantes haitianos que saíram do
país de origem após um terremoto que o devastou meses antes e vieram
para o Brasil, a maioria entrando pela Colômbia e seguindo para o
Amazonas.
No
início de 2012, mais de 1,3 mil haitianos recebiam apoio da igreja, que
viabilizava por meio de doações da Arquidiocese de Manaus e da
sociedade, roupas, colchões e, principalmente, comida.
À
época, o padre, por reiteradas vezes, pediu ajuda ao governo estadual
via imprensa, para acolher os haitianos, já que muitos chegavam doentes e
a maioria não sabia falar português e não tinha onde ficar na capital
amazonense.
No
início do ano, lembrou o padre, o Estado doou alguns colchões e
alimentos para contribuir com a ação filantrópica. Em seguida, o governo
federal destinou recursos para apoio aos imigrantes no Estado. Depois
disso, afirmou Valdecir, eles continuaram chegando, mas as ajudas
cessaram.
“Só
esta semana chegaram 50, dez deles hoje. Alguém me ligou da Jacamim
(Casa do Imigrante, localizada na avenida Djalma Batista, próximo à
rodoviária), perguntando se eu poderia acolher os peruanos e eu disse
que era impossível. Mesmo assim, os trouxeram para cá. Tive uma
discussão com a mulher que os trouxe e ela disse que os levaria de volta
à rodoviária, mas acabou deixando eles aqui”, reclamou o padre.
Valdecir
destaca que, atualmente, além dos haitianos recém-chegados, a igreja
auxilia outros 60 que moram em uma casa alugada pela igreja no conjunto
Parque das Laranjeiras, Flores, Zona Centro-Sul, e outro grupo que ele
não sobre precisar por quantas pessoas é composto, onde estão os
imigrantes doentes que recebem tratamento.
A reportagem do acritica.com
tentou entrar em contato com a Agência de Comunicação do Amazonas
(Agecom) pelos números 3303-8372 e 81****44 durante a tarde mas não
obteve resposta.