A
duas semanas de entregar a cadeira de prefeito de Manaus, Amazonino
Mendes (PDT), faz a despedida do cargo com duras críticas ao senador
Eduardo Braga (PMDB), ex-aliado e um provável adversário na disputa pelo
governo estadual em 2014. Segundo o prefeito, não existe brigas entre
Eduardo Braga e o governador Omar Aziz (PSD). Para Amazonino, Eduardo
Braga será o candidato oficial do governo Omar.
A
disposição e o bom humor do prefeito foram atribuídos a prática diária
de exercícios físicos e o fato de ter deixado de fumar, hábito que
mantinha desde adolescente. Amazonino criticou o posicionamento de Dilma
Rousseff em relação a Manaus, comentou o episódio envolvendo moradores
das áreas de risco e ainda atribuiu à Justiça, ao Ministério Público e à
imprensa o não cumprimento de suas propostas de governo. A seguir,
trechos da entrevista concedida à rádio CBN, na manhã desta sexta-feira
(14).
Como está a sua saúde?
Parei
de fumar, estou fazendo fisioterapia e com um humor muito melhor.
Cheguei a perder oito quilos, mas a minha intenção é perder no mínimo
12.
Como tem sido os últimos dias (como prefeito)?
Muito
tranqüilo. Sinceramente eu estou com a sensação de dever cumprido e
muito agradecido aos companheiros de equipe de trabalho. Mostrei um
pouco que eu não gosto de mentir publicamente (risos). Eu posso até
mentir, mas não publicamente! Eu disse que não iria me candidatar ao
Senado, ao Governo, à prefeitura e não fui. Eu penso muito antes de
falar e, na verdade, a Prefeitura de Manaus pra mim foi o maior desafio
minha vida.
O senhor acha que o seu problema de saúde foi resultado da sua atividade como prefeito?
Talvez tenha acontecido por conta do dia-dia.
Qual teria sido o maior problema?
Quase
me mato com o problema do ônibus. A cidade perdia muito por conta das
intervenções dos órgãos judiciais que ao invés de ajudar, prejudicavam.
Houve não sei quantas liminares nessa questão de transporte coletivo,
dos ônibus, e com segurança digo que todas elas foram equivocadas. Isso
aconteceu várias vezes não somente por questões judiciais, mas por
intervenção do MPE e da imprensa.
Qual foi o maior mérito da sua administração?
Organizar a prefeitura.
E o que o senhor deixou de fazer?
Muita
coisa. O sistema coletivo, apesar da luta, sem quartel pra resolver, eu
o resolvi parcialmente. Ainda temos problemas. Por exemplo, o sistema
público de transporte executivo concorrendo com o sistema coletivo
oficial.
O senhor acha que Manaus ainda tem jeito com tantos problemas, como os camelôs?
Não
me deixaram fazer camelódromo. Eu quis fazer, mas não me deixaram. Hoje
(ontem) um dos jornais me acusou de não ter cumprido minhas promessas, e
fala das mil creches. Eu faço é rir, porque fazer o quê? Eu tenho é que
rir! Ora é óbvio que quando eu falava das mil creches eu falava da mãe
social porque mil creches não existem nem em São Paulo.
Por que não implantou esse sistema?
Porque
o Ministério Público proibiu no Brasil inteiro. Depois que eu assumi, o
Ministério Público entendeu que esse sistema não é um sistema
confiável, satisfatório.
Quantas creches o senhor vai entregar?
Agora
vou entregar cinco. Quando a presidente Dilma abriu para o País eu
consegui mais 110, mas por conta de falta de terrenos na cidade eu
fiquei só com 55 em andamento e já acordadas com o Ministério da
Educação. Se isso for cumprido, Manaus vai ser a cidade mais bem
assistida em creches.
O senhor deixou algumas obras inacabadas como a Ponta Negra...
Eu
fiz 360 obras e essa é uma marca de onde passo. Com ou sem dinheiro eu
consigo e deixo muita obra em Manaus. Também é licito dizer que eu
trabalhei nas 14 mil ruas de Manaus, trabalhei mesmo. Houve um momento
em que Manaus não tinha buraco e isso é um milagre! Hoje tem muitos
buracos, mas não chega a ser 10% do que eu recebi.
No dia 31 de dezembro o senhor vai dizer adeus ou até breve?
Nem
uma coisa nem outra. Eu simplesmente vou tocar a vida como qualquer ser
humano. Estou preocupado só com o vazio que vai ficar porque estou
acostumado a enfrentar os problemas e, de repente, vem aquele vácuo.
Isso pode até ser prejudicial à saúde. Eu só não penso em fazer
política, isso eu garanto. O que não quer dizer que eu não vou ser
político ou que não possa concorrer. Eu só não farei disso a base da
minha atividade do dia a dia.
O senhor elegeu 12 prefeitos no interior. Esse número já é um bom exército pra enfrentar o senador Eduardo Braga no governo?
Não penso nisso. Penso que vai haver muita mudança no Brasil e aqui (no Amazonas).